Ora bem,

E não têm sido dias fáceis, não senhora…

O meu namorado foi atropelado por um autocarro (numa passadeira) na quarta-feira. Está bem, apesar dos pontos que levou na cabeça e do ombro que ficou ao peito (além das nódoas negras, inchaços, etc.) mas é sempre uma sensação filha da mãe vermos a pessoa de quem gostamos deitada numa maca e com sangue por todo o lado…
Claro que a minha primeira reacção quando cheguei ao pé dele (depois de ver que apesar de tudo "estava bem") foi brincar com ele e dizer "Então, ias distraído a olhar para as garotas ou quê?", mas a realidade é que quando tive que ligar ao meu chefe para explicar o sucedido caí em mim quando proferi a frase "O meu namorado foi atropelado por um autocarro".
Senti um enorme vazio, parecia que não tinha palavras, que me tinham cortado a língua porque nada saía… tinha um grito, uma dor, mas não queriam sair…

E depois há a outra parte do ser humano, a que não tem gritos secos: o meu pai por acaso ligou-me no dia do atropelamento, e eu contei-lhe o sucedido (para quem não sabe eu e o meu pai não somos particularmente os melhores amigos, e acho que a reacção dele explica o porquê). Pois que lhe conto o sucedido e ele me responde "Pois, eu também tenho andado aqui com dores de garganta…"

É isso... o ser humano é de facto muito curioso. É capaz de ter uma dor silenciosa e de ter uma reacção nula à mesma notícia… claro que não o mesmo ser humano, mas a Humanidade, seja isso o que for, é capaz de coisas que me surpreendem… nem sempre pela positiva.